O ESTRANHO

“...Espero que saiba o que está acontecendo. – Disse para o homem que estava à sua frente. Ele me olhou com aquele olhar que se quer demonstrar segurança, mas não conseguiu, ficou óbvio demais que sua ansiedade era maior que sua aparente tranqüilidade, mas mesmo assim ele estendeu sua mão em direção a ela e abraçou-a, envolvendo seu corpo num calor de compreensão, num abraço de incertezas, mas de muita, muita paixão. Naquele momento ele queria dizer-lhe tantas coisas..., contar-lhe toda sua breve história, contar-lhe suas aventuras vividas pelo mundo, contar-lhe sobre seus sonhos, suas desilusões, seu passado, seu presente, quem sabe sobre seu futuro...mas sabia que aquele abraço naquele momento continha toda essa emoção, toda essa vibração, toda essa energia, que sua amiga...parecia adivinhar-lhe, como quem lê pensamentos, por essa razão ficaram calados por um longo tempo. Calados, se olhando, sentindo seus corpos entrelaçados naquele instante de carinho, de calor , de verdades, sabendo-se mutuamente que cada um captava toda a emoção e, principalmente, toda a vida do outro, tudo, apenas naquele breve instante de comunhão física, mental e espiritual, tudo...tudo nesse simples e maravilhoso abraço casual (?).

...Esses momentos são estranhos...

_ Como podemos, por um instante, sentir toda a história de alguém que não nós mesmos?”